sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A BOLA

Se na Espanha a bola fosse um touro, no gol, um toureiro faria da rede a capa ou estola. Mas, sendo no Brasil, ela é samba que o sambista cantarola, é toque na cuíca e caçarola, ele sabe a lição de cor, não cola.
O jogador é um ator. Ele joga, encena a paixão no estádio, tornando público o seu caso de amor com a bola. Mas pode ser dramático ou histrião. Neste caso, o “ser ou não ser” é um chavão.
A bola é um raio que, quando cai no gol, vira trovão de bombas, gritos e alaridos da multidão.
A bola também tem sua contradição: pede que a persigam e ri da perseguição.
O bom jogador é como o cantor: não sabe mais o limite entre sua voz e a canção.

texto extraído de SANT’ANNA, Affonso Romano de. Estado de Minas, 9
jun. 2002

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